quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Twitter, sua Família e Orlando

Cesar,

Você me seguiu no Twitter. Confesso que achei pouca graça, fiquei contente, é verdade. Foi uma atitude nobre!? a qual eu não teria porque sou (estou!?) orgulhosa demais. Levei um dia e meio pensando se retribuía ou não. Decidi retribuir. Mas, no fundo eu sabia que não duraria muito tempo porque te conheço como ninguém. Eu estava certa, dentro de algumas semanas você tratou de apagar a conta. Mas, novamente, como te conheço (e muito bem!) você voltou. E me seguiu de novo. Não sei quanto vai durar mas estou achando divertido. Confesso que não leio seus tweets porque tenho algum receio de ler o que não devo, mas me divirto mesmo assim. Também não sei se devo alimentar alguma esperança de voltarmos a nos falar, particularmente, acho que não. Até porque um site de pássaro azul não significa muita coisa. Ah, você me seguiu no Vine também, eu retribuí, mas só entro de vez em quando. De qualquer forma, estou grata por ter me seguido, obrigada pela gentileza.

Também gostaria de dizer que vi sua família outro dia, quando eu fui correr ali no campinho do Jardim Paulista. Foi um dos dias qu'eu fui correr mais tarde, já eram umas nove da noite, eu estava indo embora e eles estavam chegando. Engraçado como nunca mudam. O sorriso envergonhado da sua mãe me lembra uma criança, dessas que gostam de fazer arte escondido e colocar a culpa nos outros, mas ao mesmo tempo tão doce que nunca passaria despercebida. Seu pai, com aquele sorriso sério, mas eu sei que quando ele está só com você fica inventando de falar umas piadas, sejam elas boas ou ruins. E a Fran, com um sorriso que é uma mistura dos dois e com o dobro da doçura da sua mãe. Cumprimentei os três, mas fiquei com vergonha porque estava muito suada. Mesmo.

Outra coisa que vou te contar é que daqui três dias estou embarcando pra Orlando, mas só vou passar quinze dias. Estou bem ansiosa, é verdade. Fico imaginando se foi difícil pra você se despedir dos seus pais sabendo que ficaria um ano e meio longe deles, uma vez que pra mim é tão difícil ficar quinze dias longe dos meus. Acredito que pra você não deve ser tão difícil porque eles têm a Fran lá com eles, mas pra mim é, porque meu irmão já saiu de casa e eles esperaram minha companhia por dezessete anos a fio.
Outro dia, quando a Érica estava aqui, ela ficou me pressionando e perguntando se eu ficaria na casa dos meus pais pra sempre. Achei muito chato da parte dela, afinal ela tem mais dois irmãos e é a mais velha. Aqui em casa é diferente e, de coração, não me sinto prejudicada por isso. Na verdade me sinto grata por meus pais terem insistido tanto pra que eu existisse. Se não fosse por insistência deles, durante dezessete anos, eu não estaria aqui te escrevendo esta carta.
Bem, retomando o assunto principal (hoje estou desviando muito do assunto central) vou ficar bem mais perto de você por quinze dias e essa informação é bem irrelevante agora, é verdade. Também tenho muito medo de avião, mas vou tentar ficar bem tranquila. Mal posso esperar pra voltar naqueles parques, nem parece verdade que eu vou poder estar neles de novo. Me desculpe por não poder te contar essas coisas pessoalmente. Você sabe o quanto é importante pra mim.

Com carinho,
Djessyka.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Feliz ano Novo

Felipe,

hoje vim pra te desejar um feliz ano novo. Sei que você deve ter tido um réveillon maravilhoso por aí. Também sei que você lembrou de mim. Eu simplesmente sei. Sei porque lembrei do ano passado, quando passamos o ano novo juntos aqui em casa. E também sei porque ainda temos uma certa ligação estranha e isenta de explicações.
Independente disso, amigo, saiba que é ótimo que cada ano tenha trezentos e sessenta e cinco dias com vinte e quatro horas em cada um. Nós somos meros tão mortais necessitados da ideia de renovação de ciclos. Mesmo quem já desistiu da vida tem um pingo de esperança quando um ciclo recomeça.
Querido, eu espero que nesse novo ciclo de 2015 sua vida seja repleta de sorrisos. Nem todos os dias estamos felizes, você sabe. Mas todos os dias existe algo, mesmo pequeno, que nos faz sorrir. Vale lembrar que nem sempre tudo o que planejamos dá certo. Temos que ter coragem e um pouco de ousadia pra encarar tudo isso; a vida não é fácil pra ninguém. espero que você tenha sempre muita coragem, porque coragem é essencial pra encarar todas essas coisas que a vida leva e traz. É por meio da coragem que você busca seus sonhos, que você ama. A coragem é que faz você arriscar e viver de copo e corpo sempre cheios, não importa as circunstâncias. Eu nunca tive muita coragem, você sabe, e é por isso que ela é meu desejo principal pra sua vida, porque sei o quanto ela me faz falta. Eu tenho muito medo do mundo, Cesar, de ficar sozinha, de ser frustrada, de não conseguir amar, de não conseguir emprego, de não ter amigos. A vida me assusta porque me falta coragem.
Quanto a você, tenha toda coragem que for necessária. Não seja bobo, não tenha medo da vida, ela é linda e oferece uma porção de coisas boas para os corajosos.

Feliz ano novo, amigo,
Com amor,
Djessyka

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Amigo, hoje eu vi sua mãe

Hoje fui até  Fabrica do Pão pra deixar um Feliz Natal pra sua mãe, assim, como faço todo ano. Fui no mercado velho. Como você já deve saber, a Fábrica do pão II fechou e reabriu onde era o João Luiz. Sua mãe, como sempre, estava lá na cozinha com a Fran e acho que ficou feliz em me ver. Levei o presente que tinha comprado pra Fran no aniversário dela, você sabe, no seu aniversário também. A Mimi estava dormindo em cima da televisão, se esquentando porque chovia. A sabiá estava roubando alguma comida da Branquinha ali do lado de fora da cozinha e senti alguma falta do Caco. E de você também. Acho que a sua mãe queria evitar falar em seu nome porque ela achava que eu carregava algum rancor, mas quando perguntei ela desembestou em falar de você. Você sabe que sou bastante atenta ao que as pessoas falam e senti o quanto elas estavam tristes em não ter você pras festas de final de ano. Outro medo da sua mãe é que você volte pra terminar a faculdade e depois vá embora de vez pros Estados Unidos. Mas, sabe, eu acho que ela só falou isso pra me ouvir negar. Ela só disse isso pra me ouvir dizer que você jamais faria isso, pois quando o fiz ela respirou aliviada. Eu não fui falsa com ela, realmente acredito que você não vá embora de vez.
A gente riu quando eu disse que você havia me excluído do Facebook, afinal, de que adianta me excluir e ter todos os meus amigos ali da Dona Joana? O Sandro, a Carol, a Gabi, meu irmão, minha cunhada e até meu pai. Achamos graça.
Sua mãe estava feliz porque você emagreceu, eu disse que também estava feliz, mas na verdade ainda não te vi mais magro. Nunca fui atrás de fotos suas e acho que nunca vou, sabe, é melhor pra mim, mais cômodo.
A Amanda também voltou a falar comigo, disse que tinha muito ciúme de mim. Engraçado, eu queria saber de onde vem todo esse ciúme que vocês sentem por mim, uma vez que eu amo cada um de uma maneira muito especial e única.
Também achei engraçado o jeito que sua mãe disse que iria comprar um presente pra mim, acho que ela ficou com vergonha mas não foi essa minha intenção. E você pode imaginar que ela foi me mostrar foto dos gatinhos dela. Achei o Nino enorme e tem uma outra pequenininha, mas não lembro o nome dela.
E, de verdade, espero que você tenha um ótimo Natal. Espero que você lembre da sua família porque eles se lembram de você e sentem sua falta nessa data. Se não for pedir demais, lembre de mim também, porque eu tenho lembrado de você. Meu amigo, meu melhor amigo, olha só até que ponto nos deixamos chegar. Mas vou deixar que o tempo passe, tenho que entender que nem tudo está sob o controle das minhas mãos; eu não mando no mundo, infelizmente. Espero que você se recorde com muita fé do verdadeiro sentido do Natal, e que comemore com todos os sorrisos que você costuma ter.

Com amor,
Djessyka.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Cesar, eu sou igual ao meu pai

Amigo, não sei a partir de qual idade isso acontece, exatamente. O que eu sei é que em algum momento da vida nós acabamos percebendo o quanto parecemos com alguém. Acredito que as coisas funcionam mais ou menos da seguinte maneira: Quando somos crianças nossos pais são seres-incorruptíveis-paladinos-do-amor-perfumados-descolados seguindo uma lista quase infinita de qualidades. Depois que crescemos um pouco (comigo aconteceu por volta dos dezesseis anos), percebemos como eles são abarrotados de defeitos. Economizam demais, piadas demais, assistem coisas chatas demais, chamam atenção demais. Mas, agora aos vinte e um, me encontro em uma fase muito mais tranquila. E, nesta fase, me dedico a perceber o quanto sou parecida com meu pai.

Reproduzo constante e inconscientemente defeitos que eu costumava julgar (e mal julgar) mentalmente. Vai além (muito além) da aparência. Não sei se você já percebeu, mas a maneira com a qual eu chamo a atenção das pessoas quando quero conversar é fotocopiada. Ás vezes eu tento mudar. Inútil. A maneira que eu conto piadas também são pequenos clones de personalidade. Meus comentários sobre o Jornal Nacional e a entonação que eu uso para reproduzí-los são tão iguais aos dele.
Sabe, coisas estranhas estão acontecendo. Na realidade, nunca achei que pudesse ser tão econômica, defeito este que me incomodava tanto no meu pai. Entre tantas outras coisas que posso passar a minha vida listando.

Cesar, sei que esse tipo de pensamento não nos acrescenta muita coisa em primeiro momento. Também não sei se você já parou para refletir sobre isso. Mas, sabe amigo, eu gostaria de ver você descrevendo cada semelhança que possui com alguém. Independe quem.

Peço que faça isso em algum momento da sua vida e perceba o quanto da personalidade que carregamos dentro da gente nem é realmente nossa. Nós não somos cem por cento nós. Somos pequenos espelhos de quem amamos e este processo acontece desde a infância. Na verdade, somos pedaços de quem admiramos.

Com carinho,
Djessyka

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Isadora e jabuticabas

Amigo, queria te dizer que, nesse ano de 2014 as jabuticabas vieram lindas e carregaram os dois lados do pé. Lembra que no ano passado elas apareceram de um lado só? 
É bonito quando as flores começam a querer aparecer porque nessa hora são só pontinhos na madeira e a gente ainda não tem certeza. Mas depois vêm as flores brancas e minúsculas que dão origem a umas bolinhas verdes que a gente espera crescer. Quando as primeiras começam a ficar roxinhas a gente corre lá pra baixo da árvore, você sabe. E as jabuticabas ficaram lindas, grandes e escuras. É uma pena que elas parem de brotar tão rápido e em pouco mais de um mês já sobraram poucas no pé. Hoje eu e o pai colhemos uma vasilha cheia delas, apesar de que já estão diminuindo em número e qualidade. Seria muito bom se você estivesse aqui pra ver, mas como não está, vou te deixar essa foto, assim você pode ver melhor.




Tem mais uma coisa que eu gostaria que você soubesse, é sobre um presente qu'eu ganhei esse ano, você sabe, é a Isadora. Eu e meu irmão vamos batizá-la no dia sete de dezembro. Acho que você ainda não sabe, mas ela nasceu bem pequenininha e com um cabelo bem lisinho. Agora ela está com quase cinco meses, dá risada, tem o cabelo enroladinho e está bem gorda. É engraçado porque todos ficam tentando adivinhar a personalidade dela, isso me irrita um pouco. Eu acho, Cesar, que a nossa personalidade já nasce com a gente, mas o meio em que a gente vive faz variar bastante.
Particularmente, não quero ficar adivinhando a personalidade da Isadora, só acho que vai ser bonitinho quando começar a me chamar de madrinha.

Também acho um pouco exagerada a super proteção da Érica em cima dela, talvez não faça muito bem e chega a ser chato de vez em quando, mas eu fico na minha. Você sabe como é, daqui uns anos ela vai estar correndo por aí e levando tabefe na escola, então esse tipo de coisa não adianta muito.

Queria te contar que o curso qu'eu tive que fazer pra batizá-la foi realmente muito chato porque eu não entendia muito bem o que aquele senhor falava, mas prestando muita atenção consegui absorver alguma boa informação. Fiz o curso na gruta, ali perto da sua casa, mas vamos batizá-la na Paróquia de São Sebastião, em Quatro Barras.

Costumo pensar que não fui bater à porta de ninguém pra pedir para batizar a menina, foram eles que vieram até mim, então eu devo ser especial pra eles por algum motivo. Então vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para que eu e a Isadora sejamos boas amigas e ensiná-la a contar comigo.

Acredito que presentes são bons. As bonecas que eu ganhei da minha madrinha estão guardadas até hoje, têm duas que eu amava tanto, lembro exatamente como foi o dia em que ganhei. Uma tem o cabelo comprido e uma cesta de pique-nique grande e cheia de frutas. Tem até croissant. Tem um vestido azul marinho com estampa de patinhos e uma gola branca em forma de babeiro. A outra tem o cabelo curto, feito em duas maria chiquinhas e tem um vestido rosa e florido cheio de laços de fita. Eu gostei tanto. Isso porque minha mãe costumava comprar aqueles bebês da Estrela que tinham só uma mecha de cabelos na cabeça, sabe? Acho que minha mãe tinha tanta vontade de ter esses bebês quando era criança, que acabava me dando muitos deles, ainda tenho duas guardadas. Mas as da minha madrinha não, tinham longos e lindos cabelos.

Apesar disso, quero ser mais que meros lindos presentes. Sabe aquela questão sobre personalidades? Então, quero ajudar a formar um pouquinho da personalidade da Isadora. Quero ensiná-la a ser uma pessoa íntegra, honesta e sensível com o mundo que está a volta dela. Você sabe que esses valores vêm desde quando somos crianças. Quero deixar minha marca na vida dela, nem que seja ensinando a dividir o lanche com as amigas ou a devolver o troco que sobrou. Quero que ela, longe dos cabrestos da sociedade, entenda que pode amar meninos, meninas, flores, senhorinhas tricotanto no parque, cachorrinhos e borboletas. Quero que ela lembre de mim como alguém que a ensinou a fazer a diferença. É bom ter boas marcas das pessoas que fazem parte da nossa vida, entende?  Quando amamos muito uma pessoa e percebemos que ela é capaz de fazer coisas ruins, continuamos amando muito, mas nosso coração fica entristecido. Agora, quando amamos uma pessoa e percebemos que ela é capaz de fazer e ensinar coisas boas, passamos a amá-la cada dia mais. Sabe, fico tão feliz quando alguém que eu gosto muito cumprimenta as serventes que estão limpando a sala de aula, é gratificante as boas atitudes das pessoas que nós amamos.

Queria deixar também uma foto que tirei da Isadora, agora, com quase cinco meses. Queria ouvir sua opinião sobre como ela é fofinha e mordível, mas não posso, infelizmente. Tenho absoluta certeza da festa que ela faria cada vez que te visse chegando, porque era assim que meu coração ficava cada vez que isso acontecia.







Com carinho,
Djessyka

sábado, 22 de novembro de 2014

Não seja indiferente, Felipe

Muitas vezes, Cesar, nós nos tornamos indiferentes em relação às coisas que acontecem à nossa volta.  Mas não é culpa da gente, sabe. É que as situações horríveis chegam diariamente, não temos controle sobre isso, dá pra ver nos telejornais. As notícias a respeito de morte com  tiros de uma arma de fogo já não nos comovem mais. É comum. Mulher estuprada no matagal e encontrada morta no dia seguinte é comum. Filho matar pai, pai matar criança... Infelizmente é comum.  Tem criança vendendo bala no sinal, mas a gente sabe, é comum. Nos tornamos um pouco indiferentes diante de todo o sofrimento dos nossos próprios irmãos.

Querido, entenda, isso não é uma crítica a você, mas a todos nós. O que eu quero, na verdade, é que  você seja diferente do comum. Quero que você, Cesar, seja sensível com a atual situação. Quero que você, amigo, sinta compaixão. Quero que sempre que possível, por mais que pareça besteira, você sinta a dor de uma mãe que perdeu o filho pras drogas, porque esse filho já foi uma criança, já deu seus primeiros passos, já levou pontos no braço por cair andando de bicicleta. Sinta, Cesar, cada vez que um brasileirinho morrer por motivos banais; quando uma criança morre indignamente lembre-se que era apenas uma criança e tinha um futuro lindo pela frente.

Fatalidades são tão comuns e as pessoas estão se habituando a elas. Não se habitue, por favor. Nós só fazemos o bem quando nos sentimos desconfortáveis com a situação do próximo, independente de quem ele seja. Eu quero te dizer que espero que você também se sinta desconfortável diante de situações como estas. Digo isso porque sei do seu potencial de ajudar as pessoas e da sua boa vontade, mas se não houver desconforto, a gente se acomoda.

É isso que eu quero te pedir nessa carta, que você não se acomode. Muitas pessoas, Cesar, já perderam a fé na humanidade quando se encontram diante de um telejornal sangrento. E essas pessoas têm razão porque já são mais velhas e já viram muita coisa acontecer, já estão calejados de notícias ruins e descrentes de que tudo pode mudar. Mas você não. Você é jovem, cheio de vida e cheio de confiança e compaixão. Sabe, se as pessoas mais vividas já perderam a fé na humanidade, nós não devemos perder. As vezes parece difícil, mas se nós não mostrarmos que é possível, quem vai mostrar?

Procure sempre entender a dor das pessoas, mesmo que você vá chegar mais tarde em casa. Cada pessoa é única, amigo. Somos donos de tantas emoções, tantas dores. Chore se não puder fazer nada por alguém que você gostaria muito de ajudar, não precisa chorar em público; as vezes é só o coração que chora. Faça o que puder, só não seja indiferente, o mundo já está muito cheio de indiferença e egoísmo. Você é uma pessoa incrível que só merece dar o seu melhor.

Com carinho,
Djessyka

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Você é lindo, Cesar.

Estou em semana de provas e não estou achando nada fácil, mas assuntos sobre faculdade eu gostaria de deixar pra outra carta. Nesta, eu gostaria de dizer pra você não se importar com esteriótipos.
Convivi muito contigo e percebi que você tem se importado muito com isso. Sinceramente, por mais que você pense o contrário, eu não me importo.
Sabe Felipe, as pessoas são diferentes mesmo. No nosso país viviam índios, que foram colonizados por jesuítas. Africanos foram trazidos pra trabalhar. Posteriormente, vieram os europeus. Tem de tudo aqui. Tem japonês e árabe. Tem americano e alemão. Tem cabelo liso e tem cabelo crespo. Tem olho preto e olho azul. Tem gordinho e tem magrinho. Tem melancia que nasce quadrada, bebê trocado na maternidade, tem Funk e pizza dividida por sabor. E tem amor também.

Queria dizer que te amo tanto que acho improvável (e até mesmo impossível) que você não se ame. Estava aqui, te olhando de dentro pra fora e de fora pra dentro e, sinceramente, você é lindo em todos esses (e também em outros) sentidos. E, acredite, você tem muitas razões pra se amar, sendo a primeira delas o saldo quase infinito de pessoas que amam você. Sinto dizer, mas acho que ainda posso ser a primeira delas. Outra razão é a falta absurda que você tem feito na minha vida. E é lindo ser isso, e é lindo sorrir, e é lindo comer cabides, e é lindo dançar na cozinha, e é lindo ser um boneco de posto de gasolina. Pra mim, é simplesmente lindo. E, ainda tenho outra razão, sendo esta a inveja que eu tenho das pessoas que estão compartilhando bons momentos com você agora. Talvez, Felipe, enquanto eu escrevo esta carta que pode nunca chegar até você, você está rindo, ou brindando, ou comendo cabides, ou dançando na cozinha, ou sendo um boneco de posto de gasolina.

E, apesar disso, desejo do fundo do meu coração que você continue sendo isso. Continue sorrindo, continue comendo cabides, continue dançando na cozinha, continue sendo bonecos de posto de gasolina. Mesmo que eu não possa mais compartilhar estes momentos contigo, continue. Todos precisam saber o quanto você é lindo por dentro também.

Com carinho,
Djessyka