terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Amigo, hoje eu vi sua mãe

Hoje fui até  Fabrica do Pão pra deixar um Feliz Natal pra sua mãe, assim, como faço todo ano. Fui no mercado velho. Como você já deve saber, a Fábrica do pão II fechou e reabriu onde era o João Luiz. Sua mãe, como sempre, estava lá na cozinha com a Fran e acho que ficou feliz em me ver. Levei o presente que tinha comprado pra Fran no aniversário dela, você sabe, no seu aniversário também. A Mimi estava dormindo em cima da televisão, se esquentando porque chovia. A sabiá estava roubando alguma comida da Branquinha ali do lado de fora da cozinha e senti alguma falta do Caco. E de você também. Acho que a sua mãe queria evitar falar em seu nome porque ela achava que eu carregava algum rancor, mas quando perguntei ela desembestou em falar de você. Você sabe que sou bastante atenta ao que as pessoas falam e senti o quanto elas estavam tristes em não ter você pras festas de final de ano. Outro medo da sua mãe é que você volte pra terminar a faculdade e depois vá embora de vez pros Estados Unidos. Mas, sabe, eu acho que ela só falou isso pra me ouvir negar. Ela só disse isso pra me ouvir dizer que você jamais faria isso, pois quando o fiz ela respirou aliviada. Eu não fui falsa com ela, realmente acredito que você não vá embora de vez.
A gente riu quando eu disse que você havia me excluído do Facebook, afinal, de que adianta me excluir e ter todos os meus amigos ali da Dona Joana? O Sandro, a Carol, a Gabi, meu irmão, minha cunhada e até meu pai. Achamos graça.
Sua mãe estava feliz porque você emagreceu, eu disse que também estava feliz, mas na verdade ainda não te vi mais magro. Nunca fui atrás de fotos suas e acho que nunca vou, sabe, é melhor pra mim, mais cômodo.
A Amanda também voltou a falar comigo, disse que tinha muito ciúme de mim. Engraçado, eu queria saber de onde vem todo esse ciúme que vocês sentem por mim, uma vez que eu amo cada um de uma maneira muito especial e única.
Também achei engraçado o jeito que sua mãe disse que iria comprar um presente pra mim, acho que ela ficou com vergonha mas não foi essa minha intenção. E você pode imaginar que ela foi me mostrar foto dos gatinhos dela. Achei o Nino enorme e tem uma outra pequenininha, mas não lembro o nome dela.
E, de verdade, espero que você tenha um ótimo Natal. Espero que você lembre da sua família porque eles se lembram de você e sentem sua falta nessa data. Se não for pedir demais, lembre de mim também, porque eu tenho lembrado de você. Meu amigo, meu melhor amigo, olha só até que ponto nos deixamos chegar. Mas vou deixar que o tempo passe, tenho que entender que nem tudo está sob o controle das minhas mãos; eu não mando no mundo, infelizmente. Espero que você se recorde com muita fé do verdadeiro sentido do Natal, e que comemore com todos os sorrisos que você costuma ter.

Com amor,
Djessyka.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Cesar, eu sou igual ao meu pai

Amigo, não sei a partir de qual idade isso acontece, exatamente. O que eu sei é que em algum momento da vida nós acabamos percebendo o quanto parecemos com alguém. Acredito que as coisas funcionam mais ou menos da seguinte maneira: Quando somos crianças nossos pais são seres-incorruptíveis-paladinos-do-amor-perfumados-descolados seguindo uma lista quase infinita de qualidades. Depois que crescemos um pouco (comigo aconteceu por volta dos dezesseis anos), percebemos como eles são abarrotados de defeitos. Economizam demais, piadas demais, assistem coisas chatas demais, chamam atenção demais. Mas, agora aos vinte e um, me encontro em uma fase muito mais tranquila. E, nesta fase, me dedico a perceber o quanto sou parecida com meu pai.

Reproduzo constante e inconscientemente defeitos que eu costumava julgar (e mal julgar) mentalmente. Vai além (muito além) da aparência. Não sei se você já percebeu, mas a maneira com a qual eu chamo a atenção das pessoas quando quero conversar é fotocopiada. Ás vezes eu tento mudar. Inútil. A maneira que eu conto piadas também são pequenos clones de personalidade. Meus comentários sobre o Jornal Nacional e a entonação que eu uso para reproduzí-los são tão iguais aos dele.
Sabe, coisas estranhas estão acontecendo. Na realidade, nunca achei que pudesse ser tão econômica, defeito este que me incomodava tanto no meu pai. Entre tantas outras coisas que posso passar a minha vida listando.

Cesar, sei que esse tipo de pensamento não nos acrescenta muita coisa em primeiro momento. Também não sei se você já parou para refletir sobre isso. Mas, sabe amigo, eu gostaria de ver você descrevendo cada semelhança que possui com alguém. Independe quem.

Peço que faça isso em algum momento da sua vida e perceba o quanto da personalidade que carregamos dentro da gente nem é realmente nossa. Nós não somos cem por cento nós. Somos pequenos espelhos de quem amamos e este processo acontece desde a infância. Na verdade, somos pedaços de quem admiramos.

Com carinho,
Djessyka