quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Cesar, eu sou igual ao meu pai

Amigo, não sei a partir de qual idade isso acontece, exatamente. O que eu sei é que em algum momento da vida nós acabamos percebendo o quanto parecemos com alguém. Acredito que as coisas funcionam mais ou menos da seguinte maneira: Quando somos crianças nossos pais são seres-incorruptíveis-paladinos-do-amor-perfumados-descolados seguindo uma lista quase infinita de qualidades. Depois que crescemos um pouco (comigo aconteceu por volta dos dezesseis anos), percebemos como eles são abarrotados de defeitos. Economizam demais, piadas demais, assistem coisas chatas demais, chamam atenção demais. Mas, agora aos vinte e um, me encontro em uma fase muito mais tranquila. E, nesta fase, me dedico a perceber o quanto sou parecida com meu pai.

Reproduzo constante e inconscientemente defeitos que eu costumava julgar (e mal julgar) mentalmente. Vai além (muito além) da aparência. Não sei se você já percebeu, mas a maneira com a qual eu chamo a atenção das pessoas quando quero conversar é fotocopiada. Ás vezes eu tento mudar. Inútil. A maneira que eu conto piadas também são pequenos clones de personalidade. Meus comentários sobre o Jornal Nacional e a entonação que eu uso para reproduzí-los são tão iguais aos dele.
Sabe, coisas estranhas estão acontecendo. Na realidade, nunca achei que pudesse ser tão econômica, defeito este que me incomodava tanto no meu pai. Entre tantas outras coisas que posso passar a minha vida listando.

Cesar, sei que esse tipo de pensamento não nos acrescenta muita coisa em primeiro momento. Também não sei se você já parou para refletir sobre isso. Mas, sabe amigo, eu gostaria de ver você descrevendo cada semelhança que possui com alguém. Independe quem.

Peço que faça isso em algum momento da sua vida e perceba o quanto da personalidade que carregamos dentro da gente nem é realmente nossa. Nós não somos cem por cento nós. Somos pequenos espelhos de quem amamos e este processo acontece desde a infância. Na verdade, somos pedaços de quem admiramos.

Com carinho,
Djessyka

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